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Revista Iberoamericana de la Educación, Vol - 8 No. 2, Abril - junho 2024
e-ISSN: 2737-632x
Pgs 36-49
* Magíster, Universidad de Guayaquil,
juanita.guevarab@ug.edu.ec,
https://orcid.org/0000-0003-4394-0759
* Magíster, Universidad de Guayaquil,
franklin.barrosm@ug.edu.ec,
https://orcid.org/0000-0002-5677-3980
* Magíster, Universidad de Guayaquil,
Marcelo.proanoc@ug.edu.ec,
https://orcid.org/0000-0003-0535-795X
* Magíster, Universidad de Guayaquil,
manuel.medinaq@ug.edu.ec,
https://orcid.org/0000-0001-9618-3822
Recebido: janeiro, 2024
Aprovado: março de 2024
DOI:
https://doi.org/10.31876/
ie.v8i12.269
http://www.revista-
iberoamericana.org/index.
php/es
How to cite:
Guevara, J., Barros, F.,
Proaño, M., Medina, M.
(2024) Processos formativos
no ensino dos saberes pré-
colombianos com ênfase na
vida de Atahualpa. Revista
Iberoamericana De
educación, 8 (2).
Processos formativos no ensino dos
saberes pré-colombianos com ênfase na
vida de Atahualpa
Formative processes in the teaching of pre-Columbian knowledge with
emphasis on the life of Atahualpa
Procesos formativos en la impartición de conocimientos precolombinos con
énfasis en la vida de Atahualpa
Juanita Irene Guevara Burgos*
Franklin Mario Barros Morales*
Marcelo Ludgardo Proaño Cobos*
Manuel Asunción Medina Quizhpe*
Resumo
O conhecimento pré-colombiano é essencial para compreender a
história do continente, especialmente do Equador. O objetivo é
analisar os diferentes critérios sobre a identidade, dando ênfase à
vida de Atahualpa e ao conhecimento pré-colombiano; foi aplicada
uma investigação de tipo misto, utilizando um inquérito digital como
instrumento, que foi aplicado a um grupo de estudantes
universitários, licenciados e professores. As técnicas utilizadas
foram o desenho de triangulação concorrente e a pesquisa
documental. Os resultados do estudo mostram que 66,7% dos
inquiridos consideram que Atahualpa nasceu no reino de Quito e
16,7% no reino de Cusco. Vários cronistas coloniais debateram a
origem de Atahualpa. Embora as fontes sejam questionáveis, as suas
posições geraram um debate histórico de longa duração.
Palavras-chave: Conhecimento, pré-colombiano, Atahualpa,
Cuzco, Quito.
Abstract
Pre-Columbian knowledge is essential to understand the history of
the continent. The objective is to analyze the different criteria on
identity, emphasizing the life of Atahualpa and pre-Columbian
knowledge; A type of mixed research was applied, with a digital
survey as an instrument, it was applied to a group of university
students, high school graduates and professors. The techniques used
were the concurrent triangulation design and the documentary
search.The results of the study showed that 66.7% of those surveyed
consider that Atahualpa was born in the kingdom of Quito and 16.7%
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in the kingdom of Cusco. Various colonial chroniclers debated the
origin of Atahualpa. Although the sources are questionable, their
positions generated a lasting historical debate.
Keywoks: Knowledge, Pre-Columbian, Atahualpa, Cusco, Quito.
Resumen
Los conocimientos precolombinos, son esenciales para entender la
historia del continente,especialmente del Ecuador. El objetivo es
analizar los distintos criterios sobre la identidad enfatizando en la
vida de Atahualpa y los conocimientos precolombinos; se aplico un
tipo de investigación mixta, teniendo como instrumento una encuesta
digital, fue aplicada a un grupo de estudiantes universitarios,
bachilleres y catedráticos. Las técnicas utilizadas fueron el diseño de
triangulación concurrente y la búsqueda documental. Los resultados
del estudio demostraron que el 66.7% de los encuestados considera
que Atahualpa nació en el reino de Quito y el 16.7% en el reino del
Cusco. Diversos cronistas coloniales, debatieron el origen de
Atahualpa. Aunque las fuentes son cuestionables, sus posturas
generaron un debate histórico duradero.
Palabras clave: Conocimientos, Precolombinos, Atahualpa, Cusco,
Quito
INTRODUÇÃO
O conhecimento pré-colombiano, marcado pela riqueza cultural e
engenhosidade das civilizações indígenas da América Latina, é um
pilar fundamental para a compreensão da história do continente e do
Equador. Neste contexto, a vida de Atahualpa, o último governante
inca antes da chegada dos conquistadores espanhóis, é apresentada
como um exemplo fascinante de liderança e resistência no caldeirão
das culturas pré-colombianas.
Desde as origens do Império Inca até ao intrincado tecido social e
político da região, a história de Atahualpa oferece uma janela para
um mundo onde a sabedoria antiga e a luta pelo poder são tecidas
numa vibrante tapeçaria de narrativas históricas e mitológicas. Neste
contexto, explorar o conhecimento pré-colombiano com ênfase na
vida de Atahualpa permite-nos entrar num universo de tradições,
crenças e práticas que deixaram uma marca indelével na identidade
e na história da América Latina.
O problema deste estudo é o desconhecimento da identidade de
Atahualpa, uma vez que se trata de um enigma histórico que tem
confundido investigadores e académicos durante séculos. Atahualpa,
o último imperador inca, é uma figura central na história da América
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Latina, cujo legado e destino têm sido objeto de numerosas
interpretações e debates. No entanto, apesar da importância do seu
papel no encontro entre os mundos indígena e europeu, persistem
lacunas significativas na nossa compreensão de quem foi realmente
Atahualpa.
Uma das principais dificuldades encontradas na tentativa de elucidar
a identidade de Atahualpa reside na escassez de fontes primárias e
na natureza fragmentária dos registos históricos da época. A
conquista espanhola e a subsequente colonização resultaram na
destruição ou perda de muitos documentos incas, deixando uma
lacuna considerável na nossa compreensão da vida e do reinado de
Atahualpa. A falta de provas directas deu origem a uma
multiplicidade de teorias e hipóteses que procuram preencher os
espaços em branco da sua biografia.
Além disso, o legado de Atahualpa tem sido influenciado pelas
agendas políticas e culturais de diferentes períodos históricos. Desde
a narrativa dos conquistadores espanhóis até às interpretações
modernas, a figura de Atahualpa foi moldada e reinterpretada de
várias formas, contribuindo para a confusão em torno da sua
identidade. Este processo de apropriação e mitificação complicou
ainda mais a tarefa de distinguir os factos históricos das lendas e
mitos que rodeiam este enigmático líder inca.
O objetivo central deste estudo é analisar as diferentes abordagens à
identidade, com ênfase na vida de Atahualpa e no conhecimento pré-
colombiano. Este estudo oferece uma oportunidade única para
compreender a complexidade da identidade latino-americana e a sua
evolução ao longo do tempo. Em primeiro lugar, ao analisarmos a
vida de Atahualpa, o último imperador inca, podemos explorar a
forma como as tradições, os valores e as práticas das civilizações
pré-colombianas moldaram a sua identidade e a do seu povo. Esta
análise permite-nos apreciar a diversidade e a profundidade das
culturas indígenas que floresceram na América Latina antes da
chegada dos europeus e a forma como estas influências persistem na
identidade colectiva da região até aos dias de hoje.
Além disso, ao examinar diferentes abordagens à identidade,
podemos identificar a forma como a figura de Atahualpa foi
interpretada e apropriada ao longo da história por diferentes grupos
sociais e políticos na América Latina. Desde o período colonial até
à época contemporânea, a vida e o legado de Atahualpa têm sido
objeto de diversas interpretações que reflectem as mudanças
culturais, políticas e sociais na região.
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Esta análise permite-nos compreender como as narrativas de
identidade têm sido usadas para legitimar e resistir ao poder, bem
como para promover agendas políticas e sociais específicas. Em
suma, ao centrarmos o nosso estudo na vida de Atahualpa e no
conhecimento pré-colombiano, podemos lançar luz sobre as
complexidades da identidade latino-americana e a sua contínua
relevância no mundo contemporâneo.
No contexto da investigação académica, surge a relevância de
explorar diferentes abordagens à identidade, especialmente focando
as raízes pré-colombianas e a figura de Atahualpa na América
Latina. Esta importância radica no conhecimento profundo das
sociedades contemporâneas, onde as influências ancestrais
desempenham um papel crucial na formação da identidade cultural
e social. Ao analisar a vida de Atahualpa e o conhecimento pré-
colombiano, as complexidades e nuances da identidade latino-
americana são reveladas, fornecendo uma imagem mais completa de
como essas tradições moldaram as auto-percepções e as dinâmicas
políticas e sociais na região.
Para levar a cabo este estudo, será implementada uma metodologia
de investigação rigorosa que englobará diversas fontes históricas,
arqueológicas e antropológicas. Através de uma análise comparativa
de diferentes interpretações da identidade, explorar-se a forma
como a vida de Atahualpa e o conhecimento pré-colombiano foram
representados e percepcionados ao longo do tempo. Esta
investigação interdisciplinar permitir-nos-á examinar criticamente
as narrativas existentes, identificar tendências e discrepâncias, e
obter uma compreensão mais profunda do impacto destas
representações na configuração da identidade latino-americana.
Em última análise, este estudo procura não enriquecer o
conhecimento académico sobre a identidade na América Latina e no
Equador, mas também fornecer uma base sólida para refletir sobre o
passado, compreender o presente e projetar o futuro da região. Ao
destacar a relevância das raízes pré-colombianas e da figura de
Atahualpa nesta análise, espera-se contribuir para uma compreensão
mais profunda e matizada da identidade latino-americana
equatoriana, promovendo o diálogo intercultural e o
desenvolvimento de políticas inclusivas que respeitem a diversidade
na região.
Para definir os termos do estudo, foi essencial recorrer à investigação
científica, fornecendo conceitos específicos sobre o conhecimento
pré-colombiano e a sua ênfase na vida de Atahualpa. De acordo com
Ontaneda, N. (2015), quando se refere ao estágio histórico pré-
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colombiano no Equador, refere-se ao período anterior à chegada dos
conquistadores espanhóis aos territórios equatorianos. De facto, o
termo refere-se especificamente ao período anterior à chegada de
Cristóvão Colombo ao continente americano.
Com base nas afirmações do autor, podemos dizer que, quando se
trata da etapa histórica pré-colombiana no Equador, faz-se referência
ao período anterior à chegada dos conquistadores espanhóis aos
territórios equatorianos. Este termo refere-se especificamente ao
período anterior à chegada de Cristóvão Colombo ao continente
americano. Durante este período, as civilizações indígenas
floresceram na região, deixando um legado cultural e histórico que
continua a ser fundamental para compreender a identidade e o
desenvolvimento do Equador e da América Latina no seu conjunto.
Este estudo aponta para uma limitação importante na procura
científica de informações sobre a identidade de Atahualpa,
destacando a ausência de dados fiáveis e precisos na narrativa
histórica. Embora numerosos historiadores equatorianos e peruanos
tenham abordado esta questão, persiste a incerteza quanto à filiação
de Atahualpa no reino de Quito ou no reino de Cuzco. Esta
ambiguidade histórica levanta uma série de questões que exigem
uma análise mais aprofundada e uma avaliação crítica das fontes
disponíveis.
Para alargar este argumento, é importante reconhecer que a incerteza
sobre a identidade de Atahualpa não afecta a nossa compreensão
da sua história pessoal, como também tem implicações mais vastas
para a compreensão da história política e social da região andina no
seu conjunto. A disputa sobre se Atahualpa estava mais
estreitamente associado ao reino de Quito ou ao reino de Cuzco
reflecte a complexa dinâmica política e cultural que caracterizava os
povos indígenas dos Andes na época.
Esta ambiguidade sublinha a necessidade de investigação
interdisciplinar que incorpore não só provas documentais históricas,
mas também provas arqueológicas, antropológicas e linguísticas
para esclarecer a identidade e o legado de Atahualpa na região andina
pré-colombiana.
Pedro Fermín Cevallos foi um historiador equatoriano do século
XIX, mais conhecido pela sua obra "Historia del Ecuador". É
provável que tenha mencionado Atahualpa e a era pré-colombiana
nesta obra, embora não existam informações específicas sobre a sua
análise pormenorizada deste assunto. Rodolfo Pérez Pimentel e
Efrén Avilés Pino foram proeminentes historiadores equatorianos,
um deles conhecido pela sua obra "Diccionario Biográfico del
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Ecuador". Um deles é conhecido pela sua obra "Diccionario
Biográfico del Ecuador", embora se dedique principalmente a
biografias de personalidades equatorianas, e o outro pelos seus
estudos sobre a história do Equador e da América Latina. É provável
que nas suas obras tenha abordado o tema de Atahualpa e da época
pré-colombiana numa perspetiva histórica e cultural.
Juan de Velasco foi um padre jesuíta e escritor equatoriano do século
XVIII. É conhecido pela sua obra "Historia del Reino de Quito en la
América Meridional", onde aborda a história colonial do Equador;
menciona que a origem de Atahualpa pertence ao reino de Quito,
embora os historiadores Raúl Porras Barrenechea e Jacinto Jijón y
Caamaño tenham refutado esta versão por falta de base histórica; é
importante notar que esta informação não foi cientificamente
comprovada.
José Rumazo González foi um historiador equatoriano do século
XX, conhecido pelos seus estudos sobre a história do Equador. Os
seus escritos vão desde a época pré-colombiana até à época
republicana e são conhecidos pelo seu rigor académico e pela análise
profunda dos acontecimentos históricos. Rumazo González foi
especialmente reconhecido pela sua capacidade de contextualizar os
acontecimentos históricos no seu tempo e lugar, oferecendo uma
visão abrangente da evolução da sociedade equatoriana ao longo dos
séculos.
É provável que alguns destes historiadores equatorianos, como
Rodolfo Pérez Pimentel, Juan de Velazco e José Rumazo González,
tenham falado ou estudado Atahualpa e a época pré-colombiana no
contexto da história equatoriana e sul-americana. No entanto, não
informações disponíveis sobre outros historiadores, como Abel
Romeo Castillo, Jorge Salvador Lara, Gonzalo Rubio, David Rodas
Maldonado e Melvin Hoyos, relativamente a este tema.
Alguns historiadores modernos também apresentaram relatos sobre
a identidade e o conhecimento pré-colombiano de Atahualpa, como
Fernando Jurado Noboa, um proeminente historiador equatoriano,
que discutiu aspectos do passado do Equador desde as suas origens
pré-colombianas até aos tempos modernos, oferecendo uma visão
abrangente do seu desenvolvimento político, social, económico e
cultural. Através de uma narrativa detalhada e documentada, a sua
obra explora os principais acontecimentos, figuras e transformações
que moldaram a história do país.
Benjamín Carrión foi um intelectual e escritor equatoriano, mais
conhecido pelo seu trabalho na esfera cultural e literária. A sua
influência na promoção da cultura equatoriana pode ter levado a
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discussões tangenciais sobre o conhecimento contemporâneo e a
identidade de Atahualpa.
Teresa Crespo é uma importante historiadora equatoriana,
especializada na história colonial do Equador. Através de uma
investigação exaustiva e rigorosa, Crespo aprofundou as
complexidades das civilizações indígenas que povoaram a região
antes da chegada dos espanhóis. O seu trabalho permitiu esclarecer
aspectos fundamentais da cultura, da sociedade e da organização
política destes povos, contribuindo para uma compreensão mais
completa da história pré-colombiana do Equador (Grados, K., &
Molina, M., 2021).
Jijón y Caamaño, J. (1930), foi um reputado historiador equatoriano
do século XX, conhecido pelo seu trabalho em etnografia e história
pré-colombiana do Equador. Através de uma investigação
meticulosa baseada em fontes primárias, a obra proporciona uma
compreensão enriquecedora da diversidade e complexidade das
sociedades pré-colombianas do Equador. Além disso, Jijón y
Caamaño contextualiza estas culturas no panorama mais alargado da
história da América Latina, destacando a sua contribuição para o
legado cultural e histórico da região. Camilo Ponce foi também um
proeminente historiador e político equatoriano, e pode ter abordado
estas questões no contexto da história equatoriana e sul-americana.
Historiadores como Alfredo Pareja Díaz Canseco, que foi um
importante escritor do século XX, centrando-se principalmente na
história contemporânea do Equador, e Isaac J. Barrera, um
historiador equatoriano contemporâneo, conhecido pelo seu trabalho
sobre a história colonial e republicana do Equador, fornecem uma
visão académica moderna sobre temas como o conhecimento pré-
colombiano.
As informações expressas sobre estes autores não são retiradas de
fontes fiáveis, mas várias das suas análises abordam uma vasta gama
de tópicos relacionados com a história do país. Os seus escritos
podem incluir discussões sobre política, sociedade, economia,
cultura e outros aspectos relevantes para a compreensão do
desenvolvimento histórico do Equador.
Podemos afirmar que Jacinto Jijón y Caamaño, Teresa Crespo e
Isaac J. Barrera são os historiadores equatorianos actuais mais
proeminentes no estudo de Atahualpa e da era pré-colombiana. No
entanto, alguns outros, como Alfonso Rumazo e Oscar Efrén Reyes,
apesar de serem historiadores, não foram encontradas informações
sobre eles onde tenham feito uma contribuição sobre o tema em
questão.
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MATERIAIS E MÉTODOS
Para levar a cabo o processo de investigação sobre o conhecimento
pré-colombiano com ênfase na vida de Atahualpa, foi utilizada uma
abordagem mista que combina elementos de investigação qualitativa
e quantitativa. Esta abordagem permitiu abordar a complexidade do
tema a partir de diferentes perspetivas e obter uma compreensão mais
completa dos aspetos em estudo (Binda, N., & Balbastre, F., 2013).
Foi realizada uma investigação qualitativa, recorrendo a técnicas
como a revisão da literatura, foram aplicados inquéritos a
especialistas na área da história pré-colombiana e da figura de
Atahualpa. Esta fase qualitativa forneceu uma base sólida para a
compreensão das narrativas e interpretações históricas sobre o tema.
Simultaneamente, foi efectuada uma investigação quantitativa
utilizando técnicas de triangulação simultânea.
Foi selecionado um grupo de amostragem diversificado, composto
por professores com doutoramento, mestrado, doutoramento,
engenharia e licenciatura, bem como estudantes do ensino secundário
e universitário interessados na história pré-colombiana. Esta amostra
heterogénea assegurou uma representação ampla e variada de
perspectivas sobre o tema em estudo. Para recolher dados
quantitativos, foram implementados inquéritos digitais utilizando
plataformas como o Google Forms.
Estes inquéritos foram cuidadosamente concebidos para abordar
aspectos específicos relacionados com o conhecimento pré-
colombiano e a perceção de Atahualpa entre os participantes. É
importante mencionar que os inquéritos digitais são um instrumento
prático e massivo que ajuda muito a gerir pesquisas e estudos
científicos, a fim de proporcionar uma melhor recolha de dados
(Cisneros, A. et al., 2022).
A utilização da triangulação simultânea permitiu combinar e
contrastar dados qualitativos e quantitativos em tempo real,
enriquecendo assim a análise e a interpretação dos resultados. Esta
metodologia mista proporcionou uma perspetiva abrangente sobre o
conhecimento pré-colombiano e a figura de Atahualpa, oferecendo
uma compreensão mais profunda e matizada deste aspeto crucial da
história equatoriana.
RESULTADOS
Os resultados obtidos a partir dos inquéritos realizados aos
professores revelaram que 38,9% dos participantes têm um diploma
universitário, seguidos de 27,8% que têm um mestrado, enquanto
11,1% têm um doutoramento e um doutoramento. É também
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evidente que 66,7% dos inquiridos consideram que Atahualpa
nasceu no reino de Quito, em contraste com 16,7% que o colocam
no reino de Cusco.
Relativamente aos argumentos que sustentam a escolha da região de
nascimento de Atahualpa, uns significativos 44,4% mencionam a
localização dos acontecimentos históricos mais relevantes da sua
vida, enquanto outros 44,4% referem documentação histórica ou
fontes primárias que sustentam a sua nacionalidade. Quanto à
importância do debate sobre a nacionalidade de Atahualpa no âmbito
académico, 61,1% dos participantes consideram este tema muito
relevante para a compreensão da história e da identidade regional,
enquanto 27,8% o consideram importante, embora existam outros
aspectos históricos que poderiam ser prioritários.
Relativamente à mãe de Atahualpa, 33,3% dos inquiridos não têm
informações suficientes para decidir, enquanto 33,3% identificam
Paccha Duchicela como a mãe do líder inca. Por último, em relação
às provas históricas que apoiam a escolha da mãe de Atahualpa,
61,1% referem-se a relatos históricos do seu nascimento, enquanto
55,6% mencionam fontes históricas primárias que referem o nome
da mãe de Atahualpa.
Os resultados obtidos a partir dos inquéritos aos estudantes de
diferentes níveis, em que 81,5% dos inquiridos frequentam o ensino
superior, enquanto 13,9% são diplomados do ensino secundário
unificado e 4,6% são diplomados do ensino secundário técnico,
mostraram que, em termos de conhecimentos sobre as culturas pré-
colombianas da América, uns significativos 56,5% afirmaram ter
conhecimentos moderados, seguidos de 31,5% que consideraram ter
bons conhecimentos. Apenas uns escassos 8,3% afirmaram ter um
conhecimento profundo, enquanto outros 8,3% admitiram ter um
conhecimento muito limitado.
Relativamente ao papel da religião nas culturas pré-colombianas, a
maioria dos participantes (79,6%) tem conhecimento de que estas
sociedades praticavam religiões complexas com múltiplos deuses e
rituais, enquanto 18,5% reconhecem conhecer alguns aspectos
básicos das suas crenças religiosas.
Relativamente a Atahualpa, o líder inca, 88,9% dos inquiridos
afirmam conhecer a sua identidade e relevância na história pré-
colombiana, enquanto 11,1% ouviram falar dele, mas não têm a
certeza do seu papel histórico. Quanto aos aspectos relevantes para
a compreensão do legado histórico de Atahualpa, 77,8% destacam o
seu papel como líder inca durante a conquista espanhola, seguidos
de 59,3% que consideram importantes as consequências da sua
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captura e execução. Além disso, 39,8% destacam a sua ascendência
e linhagem real como aspectos relevantes.
Quanto à mãe de Atahualpa, 41,7% dos participantes identificam
Mama Ocllo como sua progenitora, seguida de 25,9% que
mencionam Ñusta Palla Coca.
Finalmente, quanto à forma como a história de Atahualpa e dos
impérios pré-colombianos deve ser ensinada nos programas
educativos, 90,7% dos inquiridos sugerem que deve ser integrada
como parte integrante da história da América Latina, enquanto
14,8% pensam que deve ser uma lição separada no currículo.
Os resultados dos inquéritos aos professores revelam uma
diversidade de níveis académicos, com a maioria dos participantes a
possuir o grau de bacharel, seguidos dos que possuem o grau de
mestre e uma proporção menor com os graus de doutor e doutor.
Quanto à perceção do local de nascimento de Atahualpa, uma
clara inclinação para o reino de Quito, com uma grande maioria a
apoiar esta afirmação, enquanto uma minoria apoia a teoria do seu
nascimento no reino de Cusco.
Os argumentos que apoiam a escolha da região de nascimento de
Atahualpa reflectem a importância da localização de acontecimentos
históricos relevantes na sua vida, bem como a presença de
documentação histórica e de fontes primárias que validam a sua
nacionalidade. Isto sugere uma procura de fundamentar as teorias em
provas concretas, tanto geográficas como documentais. Quanto à
relevância do debate sobre a nacionalidade de Atahualpa, a maioria
considera a sua importância na esfera académica para uma melhor
compreensão da história e da identidade regional, embora uma
proporção menor aponte para outras questões históricas que podem
exigir mais atenção.
A incerteza sobre a identidade materna de Atahualpa reflecte a falta
de informação entre os inquiridos, com uma proporção significativa
a não dispor de dados suficientes para decidir, enquanto uma
proporção semelhante identifica Paccha Duchicela como a mãe do
líder inca. A referência a relatos históricos sobre o seu nascimento e
a fontes históricas primárias que mencionam o seu nome uma
ideia da importância de recorrer a registos e crónicas para esclarecer
aspectos cruciais da história pré-colombiana.
Os resultados dos inquéritos aos estudantes revelam uma
distribuição significativa dos níveis de ensino, sendo a maioria
estudantes universitários, seguidos de estudantes de bacharelato
unificado e de bacharelato técnico. No que diz respeito ao
conhecimento das culturas pré-colombianas americanas, é notável
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que uma parte considerável afirma ter um conhecimento moderado,
enquanto um número menor se considera ter um bom conhecimento,
e uma minoria afirma ter um conhecimento profundo ou muito
limitado.
Relativamente ao papel da religião nas culturas pré-colombianas, a
maioria dos participantes demonstra ter consciência da
complexidade das práticas religiosas nestas sociedades, destacando
a presença de rituais e de múltiplas divindades. No entanto, uma
minoria dos participantes reconheceu conhecer apenas alguns
aspectos básicos dessas crenças.
Relativamente a Atahualpa, o líder inca, existe um elevado nível de
conhecimento sobre a sua identidade e relevância histórica entre os
inquiridos, destacando o seu papel como líder durante a conquista
espanhola e as consequências da sua captura e execução. Para além
disso, é evidente o interesse por aspectos como a sua ascendência e
linhagem real. No que se refere ao ensino da história de Atahualpa e
dos impérios pré-colombianos nos programas educativos, a maioria
dos participantes defendeu a sua integração como parte essencial da
história da América Latina, embora uma minoria tenha sugerido que
deveria ser tratada como uma lição separada no currículo.
Houve cronistas e historiadores que se pronunciaram sobre a origem
de Atahualpa, embora as fontes não sejam fiáveis, é importante
mencionar estes autores e a sua posição sobre a identidade do
imperador inca. Nos registos da história colonial, vários autores,
como Juan de Betanzos, Pedro Cieza de León, Pedro Sarmiento de
Gamboa, Juan de Santa Cruz Pachacuti e Bernabé Cobo, oriundos
principalmente de Cuzco, defendem a teoria de que Atahualpa
nasceu no reino de Cuzco. Por outro lado, Francisco López de
Gómara, Inca Garcilaso de la Vega e Juan de Velasco, originários de
Quito, defendem a ideia de que Atahualpa teve origem no reino de
Quito. Através das suas obras e escritos, cada autor apresenta
argumentos e provas que sustentam a sua posição, gerando assim um
debate histórico que perdura ao longo dos séculos.
Esta abordagem promete abrir novas portas para uma compreensão
mais profunda das culturas pré-hispânicas e do legado do império
inca. Questões sobre a relação entre identidade cultural e práticas
religiosas, bem como o papel político e social de líderes como
Atahualpa durante a conquista espanhola, surgem como áreas
cruciais de estudo para desvendar os mistérios da história pré-
colombiana e seu impacto na sociedade contemporânea.